quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Para Alice, com saudade.


Está tudo errado, Alice. O tempo não era para passar assim. Não tem como voltar para uma daquelas tardes onde sentávamos no pé de fruta pão e a nossa maior preocupação era saber se iríamos nos atrasar para a aula? Não tem como parar o tempo naquelas tardes onde ficávamos ouvindo Yann Tiersen deitadas na grama enquanto o mundo ao redor não nos fazia nenhum mal? Não tem? Hoje não é mais assim, Alice. Hoje nem sabemos onde estamos. Não sabemos o que estamos fazendo. Não sabemos em quem estamos confiando. Hoje as coisas perderam o pouco o sentido, pelo menos para mim.
Não entendo o que eles dizem, Alice. E eles parecem que nunca, nunca entendem o que eu sinto. Sabe quando você viaja para algum lugar e a comunicação não funciona? É mais ou menos assim que tenho me sentido ultimamente. Sem voz, sem som algum. Queria você aqui, Alice. Você me escutaria. Você seria uma das poucas pessoas que entenderia o meu silêncio, a minha dor e a minha dúvida. Hoje pensei muito em você. Ia ligar para o seu telefone que tenho gravado em minha mente desde a 7ª série. Queria que a sua calma me acalentasse. Queria sentir sua presença a cinco minutos de mim. Hoje você está do outro lado do mundo, Alice, e eu não sei em que parte do mapa o seu telefone tocaria, mas sei que, ainda assim, você saberia que era eu. Sabe como me sinto, Alice? Como se todos os dias fossem segunda de manhã. Sem chocolate e sem música. Teimo em ter esperança que isso vai passar, sabe? Mas cada dia que passa, nada passa, só a data.
Queria você aqui, me escutando. Queria pão de queijo e brigadeiro de madrugada. Queria um pouco de cor... mas estou em preto e branco, Alice. Está sendo difícil. Mas eu sei que você não me deixa. Mesmo em outro continente, você não me deixa só. Com você não é assim. Você está longe, mas está sempre por perto.
Eu tenho me atrapalhado com distâncias, Alice. Para não falar de sentimentos. Mas aos poucos estou caminhando, não sei se na estrada certa, mas estou caminhando.
Você volta logo, Alice? Sinto muito a sua falta. Você é uma das poucas que, tanto quanto eu, sabe como, apesar da distância, ter consideração por alguém. As coisas por aqui estão estranhas, minha querida Alice. Mas sei que você conseguiria entender o mundo onde me meti. E me explicaria tudo, como sempre fez.
Não demora, tá?
Com amor e muita saudade,
Mariana.

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