quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Receita


Aquele momento em que você precisa de ajuda, olha para os lados e não tem ninguém.
Ai você entende que ninguém vai poder fazer isso por você, então é bom olhar para frente e tentar ver o melhor caminho.
Talvez doa um pouco... talvez seus planos não coincidam com os planos que as pessoas desejam para você.
Mas se você tem convicção do que está buscando, tente não desistir na primeira dificuldade.
Não que os fins justifiquem os meios, e é interessante que se tenha cuidado no caminho que vai seguir, mas as vezes é bom dar créditos e confiar no seu coração.
E nesta busca, lembre-se de adicionar grandes doses de humildade, paciência e respeito a si próprio.
Deixe quinze porcento por conta do destino.
E lembre-se de sorrir.

Lembre-se de sorrir.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ponteiro.

 
O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento. Sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim.
Rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele devasso que estende mãos e braços em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira. 
O tempo sabe ser bom, o tempo é largo, o tempo é grande, o tempo é generoso, o tempo é farto e sempre abundante em suas entregas: amaina nossas aflições, dilui a tensão dos preocupados, suspende a dor dos torturados, traz à luz os que vivem nas trevas, o ânimo aos indiferentes, o conforto aos que se lamentam, a alegria aos homens tristes, o consolo aos desamparados, o repouso aos sem sossego, a paz aos intranquilos e a umidade às almas secas. 
Em tudo ele nos atende e as dores da nossa vontade só chegarão ao santo alívio seguindo esta lei inexorável: a obediência absoluta à soberania incontestável do tempo.
O equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é, pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas.

Trecho extraído do livro Lavoura Arcaica - Raduan Nassar

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Olinda: estado de espírito.


Elas avistavam a ladeira e olhavam para o céu.
Nuvens, só nuvens. A chuva vinha de lá e por enquanto estava limpo.
Som de metais?
A ansiedade delas não negava, estavam metros a frente do grupo.
Pra que lado deveriam ir?
Não importava, pra qualquer lado que fossem sabiam que aquilo iria ser muito bom!
Uma delas conseguiu decifrar as notas.Era o Hino do Elefante?
Fecharam os olhos, escutaram as palmas e as vozes dos foliões de todos os estados, com os mais diferentes sotaques, cantando em uníssono: minha Olinda sem igual, salve o teu carnaval!
Estava só começando.  
Mas o frevo já havia entrado na cabeça e tomado o corpo.
O corpo da bombeira, da policial, da mágica, da cantora, da marinheira...
Dos paulistas com os pirulitos.
Dos pernambucanos prateados.
Dos aborígenes da tribo perfeita.
Sobrava frevo. Em cada esquina. Em cada ladeira.
Estavam nos Quatro Cantos?
Estavam na frente da casa de Alceu?
Aquilo era o Largo do Amparo?
Encontraram a sede da Pitombeira!
O frevo chegava aos pés.
Aprenderam um novo passo! Conseguiriam dançar descendo a ladeira?
“Minha princesa, você outra vez no meu caminho? É o destino!”
“Lá em São Paulo, o bombom é coletivo.”
Lá vem mais um bloco, elas aguentariam?
Qual era esse? Era o sétimo bloco que elas acompanhavam?
Bebiam água, jogavam água no rosto. São Pedro entendeu o sinal.
Chuva. Uma vez? Duas vezes. Esfriava o calor, mas não esfriava o ânimo.
E aquele pedaço da Europa? E aquele Jack?
Subiram a ladeira, desceram a ladeira, encontraram amigos de infância.
Por que o sol já estava se pondo? Os pés já não aguentavam dançar tanto.
Sentaram em um banquinho.
Já estava perto de acabar, não queriam acreditar nisso.
Por que passou tão rápido? Tinha alguma coisa errada aí.
Pediam para o Sol voltar.
Pediam novamente por esse sábado.
Pediam novamente essa cor de Olinda.
Pediam, mais uma vez, essa aproximação com a felicidade de pessoas de todos os cantos do Brasil.
Mas o Sol não voltou.
Foi embora deixando no coração delas as melhores lembranças que poderiam ter de mais um carnaval.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Minha ausência minha.


"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... 
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe para realinhar os pensamentos... 
Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... 
Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... 
Isto e circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma."
Fátima Irene 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Até quando?

"Parem o mundo. 
Eu quero descer."



Tenho tentado parecer calma, apesar de ser péssima tentando fingir algo.
Por dentro estou completamente apavorada. Acho que estou sensível demais com o que está acontecendo com o mundo.



Alguém pode me explicar a que ponto chegamos?
Alguém por favor me diz onde vamos parar com essa pobreza de espírito e de compaixão para com o próximo?

Meu Deus, tenho estado um tanto quanto horrorizada com a humanidade. Com a perversidade do homem. Com a falta de misericórdia.
Eu tento. Tento crer que existe um jeito, tento ter fé no homem, mas todos os dias, todos os dias quando acordo, me vem à mente a frase do meu bisavô: está tudo errado.

Senhor, dai-me coragem. Dai-me força para que eu consiga atravessar esse medo e essa desilusão que tomam conta de mim. Me protege da mediocridade alheia, da hipocrisia alheia, da perversidade alheia.
Preciso voltar a acreditar nas pessoas.

Mas hoje está tudo cinza demais para o que, um dia, eu já vi colorido...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Além do que se vê

"Cada homem deve inventar seu próprio caminho" 
Sartre



Entendi que vou assim, sozinha, na minha estrada.
E apesar de algumas dificuldades, sempre andei de maneira digna e transparente. 
Cada passo que dou me faz ver a paisagem de um ângulo novo. E na maioria das vezes, apesar da miopia, consigo achar a paisagem mais bonita.
Em alguns momentos não sei pra que lado olhar, não sei que rumo seguir, não sei que informação perguntar, nem com quem ir. A vida não tem placas indicando qual o melhor caminho...
Mas hoje ouvi de um sábio professor uma frase que me fez refletir: sozinhos viemos e sozinhos partiremos.
Acho que é bem isso... e esse é o ano de olhar para a frente. 
Minha mochila já está nas costas e meu coração está tirando de perto de mim tudo o que pode me causar dor durante essa nova jornada. Preciso de paciência comigo mesma, preciso de uma dose extra de sabedoria, preciso de força e precisaria, ainda, dele perto de mim, mas já que não pode ser assim, me ajustarei tranquilamente aos fatos.

A música continua na cabeça, bem como o sol. 
Mas hoje resolvi pegar o trem azul para o meu futuro.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Post Scriptum



Deixa só eu te esclarecer algo: pode ser que me falte muita coisa, mas se tem algo que me sobra é amor próprio, tá?

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pensamentos soltos.

Não, não acredito.
É você? É mesmo você?
Com esse all star verde e essa bandana vermelha?
Com essa barba crescida e com esse casaco velho?
É, só pode ser você.
Meu Deus, todo você, todinho.
Meus olhos te acompanham sem querer perder nenhum movimento. Preciso te ver melhor. Sai da frente, moço!
Como você continua lindo...
Quanto tempo que eu não te vejo? Dois anos? Três anos? É sério que você ainda tem essa mochila?
Bem que eu podia estar ao seu lado, né?
Por que eu estou dentro deste maldito carro? 
Por que você não vai parar na esquina e me esperar como sempre fazia?
Queria te dizer tanta coisa. Tenho três anos de novidade para te contar.
Pára e me espera nessa esquina, por favor?
Você não está me escutando... claro que não, nem falando eu estou!
Você sempre teve passos firmes, em frente, sempre em frente. Nunca olhando para trás.
O semáforo abriu. 
E mais uma vez, mais uma vez, te perdi.

"Vagando entre os astros 
Nada me move nem me faz parar
A não ser a vontade de te encontrar
E o motivo eu já nem sei
Nem que seja só para estar ao teu lado 
Só pra ler no teu rosto 
Uma mensagem de amor"

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Dois mil e 12

Olhando os fogos no céu de janeiro, pela primeira vez, desejei algo diferente para mim.
Claro, desejei muita saúde e proteção para aquelas pessoas que eu amo, desejei uma sólida base de fé para aqueles que acreditam e vão precisar se agarrar a isto em um momento ou outro, desejei uma dose exagerada de paciência para os que, por algum motivo, não vão conseguir sorrir nos próximos meses, desejei paz de espírito em excesso para os que vão passar por momentos turbulentos e desejei muito amor e muita calma para aqueles que vão gerar novos corações.
Mas quando pensei em mim, eu simplesmente não soube o que desejar.
Eu estava com o meu coração absolutamente sereno ao lado das pessoas mais importantes da minha vida.
Voltei a olhar aquelas luzes que caíam rapidamente pelo céu sem nuvens do litoral e fiz um pedido diferente.
“Para mim, desejo os meus desafios. Os meus doze.”
Nem mais, nem menos. Ou melhor, talvez só “nem menos”.
Quero me desafiar doze vezes este ano. Um desafio a cada mês.
Hoje, vinte e dois dias depois de ter realizado o meu janeiro, mesmo com muitas lágrimas derramadas, mesmo com um medo absurdo do novo, mesmo sem saber se aquilo era certo, fui em frente e fiz. Agradeço imensamente as pessoas que estiveram ao meu lado, mesmo que por telefone. Saibam que hoje eu estou muito mais feliz, muito mesmo.
Pois bem, declaro aberta a minha temporada de fevereiro. O que vem pela frente? Bom, acho que eu bem sei.