quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Olinda: estado de espírito.


Elas avistavam a ladeira e olhavam para o céu.
Nuvens, só nuvens. A chuva vinha de lá e por enquanto estava limpo.
Som de metais?
A ansiedade delas não negava, estavam metros a frente do grupo.
Pra que lado deveriam ir?
Não importava, pra qualquer lado que fossem sabiam que aquilo iria ser muito bom!
Uma delas conseguiu decifrar as notas.Era o Hino do Elefante?
Fecharam os olhos, escutaram as palmas e as vozes dos foliões de todos os estados, com os mais diferentes sotaques, cantando em uníssono: minha Olinda sem igual, salve o teu carnaval!
Estava só começando.  
Mas o frevo já havia entrado na cabeça e tomado o corpo.
O corpo da bombeira, da policial, da mágica, da cantora, da marinheira...
Dos paulistas com os pirulitos.
Dos pernambucanos prateados.
Dos aborígenes da tribo perfeita.
Sobrava frevo. Em cada esquina. Em cada ladeira.
Estavam nos Quatro Cantos?
Estavam na frente da casa de Alceu?
Aquilo era o Largo do Amparo?
Encontraram a sede da Pitombeira!
O frevo chegava aos pés.
Aprenderam um novo passo! Conseguiriam dançar descendo a ladeira?
“Minha princesa, você outra vez no meu caminho? É o destino!”
“Lá em São Paulo, o bombom é coletivo.”
Lá vem mais um bloco, elas aguentariam?
Qual era esse? Era o sétimo bloco que elas acompanhavam?
Bebiam água, jogavam água no rosto. São Pedro entendeu o sinal.
Chuva. Uma vez? Duas vezes. Esfriava o calor, mas não esfriava o ânimo.
E aquele pedaço da Europa? E aquele Jack?
Subiram a ladeira, desceram a ladeira, encontraram amigos de infância.
Por que o sol já estava se pondo? Os pés já não aguentavam dançar tanto.
Sentaram em um banquinho.
Já estava perto de acabar, não queriam acreditar nisso.
Por que passou tão rápido? Tinha alguma coisa errada aí.
Pediam para o Sol voltar.
Pediam novamente por esse sábado.
Pediam novamente essa cor de Olinda.
Pediam, mais uma vez, essa aproximação com a felicidade de pessoas de todos os cantos do Brasil.
Mas o Sol não voltou.
Foi embora deixando no coração delas as melhores lembranças que poderiam ter de mais um carnaval.

Um comentário:

  1. Que forma tão bonita de falar de Olinda, do carnaval, dessa paixão que tantos nordestinos e brasileiros dividem nesses cinco dias e mais os 360 restantes do ano. Amei o texto, mariana, mesmo! Beijos, Bia.

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