domingo, 15 de janeiro de 2012

A lendária casa laranja.


Quantas vezes brincamos de coelho-sai-da-toca às 20h na praia, quantas vezes pegamos as sete, oito, nove bicicletas embaixo da escada e saímos correndo para o campinho de futebol, quantas vezes brincamos no pomar, no clube do cupido, ou pegamos trico-trico e fizemos nossas comidinhas...
Quantas vezes vovó disse que não podíamos destruir as plantinhas dela?

Quantos beijos e abraços nos demos quando acordamos ou quando cruzamos uns com os outros naquela escada, quantos gritos nós demos com medo das rãs, quantas músicas ouvimos, deitados naquela varanda, esperando à hora de tomar banho?
E quantas vezes tomamos banho naquele chuveirão?

Quantos bolos foram feitos e quantas coberturas de chocolate foram roubadas com o dedo, quantos churrascos fizemos para os amigos, quantos CDs tocaram no carro de vovô, quantas dezenas de jogos de poker foram realizados naquele terraço?
Quantos namorados passaram por aquele terraço?

Quantas máscaras de carnaval foram coladas naquelas paredes, quantas havaianas foram lavadas com aquela mangueira, quantas castanholas caíram em cima daqueles carros e quantas vezes os varais foram recolhidos as pressas por causa das chuvas?
Quantas vezes tomamos maravilhosos banhos de chuva naquele jardim?

Às vezes me pego pensando, deitada naquela varanda, a sorte temos em nos termos. Se as lágrimas nos acompanham nas estradas todas as vezes que saímos daquela casa, é sinal de que sempre vivemos momentos felizes ali.
Nunca achei justo o fato de tantas vezes construirmos 
castelos de areia na praia e no outro dia eles não estarem mais lá. 
Mas talvez hoje eu tenha entendido 
onde sempre esteve o verdadeiro castelo de areia. 
E é aquele que a gente nunca deseja sair de dentro. 

2 comentários:

  1. "Lá o tempo espera
    Lá é primavera..."

    Só lembranças boas desse lugar. Amei o texto, Mari!

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  2. isso foi tão nostálgico e bom de ler. Muito bonito, todo ele! Tô seguindo (:

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